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sexta-feira, 4 de março de 2011


LOUCO E ATEU

Junto meus cacos
Jamais cavarei buracos
Calço e uso velhos panos
Fico escrevendo versos profanos

Não sou religioso nem ateu
Difícil um perverso como eu
Sei que partirei um dia
Mais voltarei por outra via

Acho essencial o invisível
Quem disse que tem que ser previsível
Acho bom procurar psicólogos
Não, não gosto de monólogos

Não tenho pormenores sequer
Eles trabalham com o que eu lhes der
O que vou falar não interessa
Quero sair, fugir, tenho pressa

Sonho o que mais quis ter tido
Sempre em preto e branco jamais colorido
Um retardado cheio de defeito
Um pobre coitado com coração no peito

(Orides Siqueira)

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