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segunda-feira, 25 de outubro de 2010


AMARGO AMAR AMANDO

No mistério de teu riso sem-vergonha
Açoites de vento ou serpentina
Em teu rosto de criança
Vejo este sorriso de moça menina

Febril em meu intoxicado sonho
Com uma trena medindo a hostilidade
Coisas impuras pensamento da mocidade
Nada vezes nada nunca atrocidades

Neste odiar de xingamento amoroso
Pouso em teu seio, com meu olhar carinhoso
Desejo mascarar este meu ver
Mas não escondo o deslumbre desse majestoso ser

Estranhas visões em sombras na parede
Num parecer de olhares em rede
Vejo a mão do feio a sorrir
Como o ringir de uma porta ao se abrir

Há vontade montada na vontade livre
Como um dedo apontando em riste
E o amar do mal amado triste
Mas mesmo do amargo amar amando

(Orides Siqueira)

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